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A resposta das empresas para a sociedade

A resposta das empresas para a sociedade
Renata Figueiredo
set. 28 - 6 min de leitura
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A sociedade mudou e os critérios de avaliação e cobrança sobre as empresas também. A globalização e a internet inicialmente aceleraram comparações, nivelaram conhecimento e expectativas de consumidores e comunidades. O aumento de opções e variedades alterou para sempre o poder de decisão para as mãos dos consumidores. As mídias sociais vieram para tornar tudo mais transparente e exacerbado: opiniões, valores, exigências, falhas, erros e ações. E por último há a inegável constatação de que não resolveremos os sérios problemas ambientais e sociais do planeta sem o forte envolvimento das empresas privadas.

Esse panorama nos mostra a grande encruzilhada em que as empresas se encontram, e talvez seja a maior mudança de mindset e de seus negócios que jamais foram forçadas a fazer na sua existência.

Na nova era do capitalismo, não é mais suficiente que empresas gerem empregos e lucros para seus acionistas. Entramos em um período onde valores, propósito, cuidado com todos os stakeholders da cadeia produtiva, engajamento dos consumidores e colaboradores, são os novos paradigmas a serem desenvolvidos.

Mas notemos que não são pequenas mudanças de percurso ou pontos a se acrescentar na estratégia: rever seus valores, achar um propósito além do lucro, se organizar para investir em causas relevantes e de impacto real e aprender a dialogar com todos os stakeholders, para citar somente algumas práticas, é uma transformação gigantesca para a maioria das empresas.

Estamos falando de uma fortíssima mudança cultural, realocação significativa dos investimentos e dos esforços, novos aprendizados e novas skills. A capacidade de adaptação e agilidade de resposta a grandes acontecimentos e/ou a erros e às demandas da sociedade, escancararam empresas lentas, com baixa capacidade de propor soluções, com pouco planejamento de cenários e que ainda não se reinventaram num propósito maior.


As palavras de ordem são responsabilidade e propósito. Todas as entidades e sociedade civil anseiam por uma imagem mais clara de como as empresas estão lidando com uma série de questões que vão se traduzir em longevidade do negócio: questões climáticas, diversidade da sua força de trabalho, a sustentabilidade da sua cadeia de suprimentos ou a proteção dos dados dos seus clientes, para citar alguns. Cada vez mais, as perspectivas de crescimento de cada empresa são indissociáveis da sua capacidade de operar de forma sustentável e de servir a todo o conjunto de partes interessadas.

É imperativo que as empresas repensem seus valores e propósitos a fim de buscarem e entenderem seu papel na sociedade. Não existe mais a busca por lucro isolada da geração de impacto positivo para o planeta. Em última análise, o propósito é o motor da rentabilidade a longo prazo, pois somente quando existir um forte senso de propósito e um compromisso com as partes interessadas é que a empresa vai se conectar mais profundamente com seus clientes e a se ajustar às mudanças nas demandas da sociedade.

A pauta de transformação corporativa não é pequena. Conceitos como adaptabilidade e flexibilidade vão muito além da afamada resiliência e pedem competências e perfis distintos.

Gerenciar e planejar para o longo prazo, implica em considerar todos os stakeholders envolvidos e “viver” de acordo com valores e propósitos maiores que o lucro do próximo trimestre. Começam a surgir trade-offs como reagir ou construir, competir ou criar e ainda novos termos e práticas para CUIDAR dos colaboradores, da cadeia estendida, das comunidades próximos, do meio-ambiente e injustiças sociais.

Mas ser coerente com esses novos valores e metas estabelecidas é uma tarefa árdua e continua, pois empresas são complicadas, o discurso e as ações não se alinham sempre de forma perfeita. Ter os princípios certos “no papel” não garante que não haverá a perda de perspectiva de o que servir a todos os stakeholders realmente significa.

E uma das maiores ferramentas e mudança de mindset que as empresas podem utilizar para essa transformação tão necessária, está na construção da sua pauta de inovação. Isso porque é no pensamento criativo e inovador que estão parte das soluções de novos modelos de negócio, onde os dilemas e escolhas mais antigos de uma empresa se dissolvem, permitindo a realidade do E onde antes havia OU.

Escolhas do tipo: lucro ou meio-ambiente, lucro ou propósito social – não são mais necessários. Com as novas tecnologias e visão de longo prazo, pode-se inovar desde embalagens, ate as cadeias de fornecimento, chegando no próprio modelo de negócio remodelado.

Uma empresa realmente inovadora, enxerga toda a pauta ESG (meio ambiente, social e governança) como oportunidade para realmente fazer diferente do realizado ate então, e não como um oportunismo de agenda rasa e imediata.

A diversidade e a inclusão tendem a acontecer de forma mais natural em um ambiente inovador e assim projetos e iniciativas sociais surgem de forma mais orgânica, sem ser uma pauta “forçada” e pouco autêntica com a marca da companhia.

Além disso, times inovadores são mais empáticos e conectados com os anseios da sociedade, conseguindo se antecipar a movimentos, tendências e causas e avaliando de forma mais ágil como os valores e propósito da sua empresa podem responder continuamente a esses estímulos externos.

Esse artigo buscou endereçar os desafios que a maioria das empresas ainda possuem para se adequarem e responderem as constantes pressões de gerarem valor além do lucro, para todos os envolvidos, inclusive comunidade e meio ambiente. Está claro que o capitalismo consciente veio para ficar, e que a prática melhora inclusive o engajamento dos consumidores e colaboradores, com o poder da inclusão e sentido de pertencimento.

Cada empresa precisa encontrar a sua jornada para executar essas mudanças na sua gestão, metas, investimentos, cultura e esforços. Mas existe um caminho que habilita e “destrava” uma serie dessas modificações que é a trilha da Inovação. Um novo olhar que permite enxergar novas formas de negócios, novos paradigmas, novos segmentos de mercado e novas escolhas tão ou mais lucrativas que as feitas no passado.


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