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A inovação que a pandemia traz

A inovação que a pandemia traz
Richard Oliveira
jul. 31 - 4 min de leitura
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Além do imensurável sofrimento e perda de vidas, o coronavírus impactou a economia mundial, prejudicando ações, interrompendo viagens e reuniões, afetando as rotinas de trabalho e colocando milhões de pessoas em quarentena. Empresas de todo o mundo estão sentindo o efeito dessas mudanças de comportamento, e economistas preveem que o vírus resultará em uma perda econômica emblemática para a humanidade.

No Brasil, esse cenário provoca uma grande preocupação, já que o panorama de crescimento da economia nacional não era dos mais favoráveis e será bastante afetado pela epidemia global. Em 2020, portanto, a economia nacional, além de não repetir o desempenho de 2019, será marcada por um retrocesso expressivo.

Mas, embora o número grave e trágico de vidas perdidas ainda não possa ser mensurado em sua totalidade, há um lado positivo nesse cenário. Se a história das pandemias é um guia, esse contágio, como todos os outros, pode desencadear uma onda de inovação, proporcional à forma com que está alterando sociedade.

Esse movimento parece sugerir, em um primeiro momento, que projetos de inovação fiquem de lado em função de preocupações mais urgentes a serem tratadas por enquanto. Na prática, porém, o que está ocorrendo é uma aceleração da tomada de decisão em favor de novas soluções que possam gerar receitas adicionais como uma forma de equilibrar as perdas ocorridas durante o momento da crise. Essa tendência tem todas as condições para continuar forte nos próximos meses. Soluções com profundo grau de disrupção, mas que ainda precisam de algum tempo de refinamento, darão espaço, neste momento, para as inovações mais simples e imediatas que resolvam problemas pontuais e possam gerar receita às corporações no curto prazo.

Vários profissionais, filósofos e antropólogos pelo mundo anunciam o famoso "Novo Normal", no qual tudo será mais horizontal, digital, diverso e outros adjetivos performados para a sofisticação do futuro. Considerando nossa localização geográfica (Brasil), porém, penso que teremos mais pobreza, miséria, violência, interferência do Estado e impostos, ou seja, nosso plano estratégico com inovação deverá, compulsoriamente, ser muito mais robusto que o resto do planeta. Os brasileiros terão perda de renda considerável. Assim, os produtos e serviços para nós oferecidos deverão, necessariamente, ter escala para alcançar preços acessíveis.

Considerando os aspectos citados e focado no mérito do #Issue001 (diferenças do posicionamento estratégico sobre inovação no Brasil em comparação com o restante do mundo), aponto cinco dimensões que devem emergir para estimular um ecossistema inovador: a) uma educação focada em Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática; b) lideranças políticas que viabilizem uma regulação estável e de qualidade; c) estímulo ao surgimento de empreendedores e sua transformação digital; d) apoio à colaboração entre universidade e indústria; e) a construção de marcas em mercados-chave.

O Brasil precisa tentar construir uma marca forte em Ciência e Tecnologia. Destaco, ainda, que a pandemia do Covid-19 demonstrou a importância da Ciência, Tecnologia e Inovação para o Brasil, mas a recessão provocou um recuo sem precedentes nesta área no país. Isso tudo distancia o Brasil das economias avançadas.

O futuro depende da inovação, e é impossível a um país gerar uma resposta imediata (a uma pandemia) sem que isso seja resultado de um aporte pregresso. Nada acontece magicamente; depende de investimento contínuo ao longo de vários anos. Temos o privilégio de estarmos vivendo o futuro, mas, ao mesmo tempo, precisamos de educação básica. Agora, a missão estratégica ficou mais árdua e desafiadora.


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