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O que podemos aprender com a China

O que podemos aprender com a China
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mar. 10 - 4 min de leitura
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As diferenças de visão, estratégia e implementação da inovação entre o Brasil e o resto do mundo são muito significativas. A forma de apoio – ou a falta dele – em nível governamental, por meio de estímulos e/ou subsídios, é completamente distinta e com visão de futuro diferente.

No Brasil, vemos uma lacuna gigante por parte do Poder Público quando se fala em incentivo e apoio à inovação, sendo inerte quanto à adaptação de legislação e tributos para os novos modelos de negócio e ecossistemas que estão sendo desenvolvidos no país. A colcha de retalhos que está se transformando o Marco Legal das Startups é uma prova viva da falta de preparo de nossos governantes e de como somos amadores enquanto sociedade para fazer um lobby “do bem” para o setor. 

Comparando o cenário brasileiro com o chinês, por exemplo, temos no segundo um governo que também não é tão ativo quanto à legislação, mas que investe 2% de seu PIB (Produto Interno Bruto) em inovação há décadas, sendo o que mais registra patentes de novas tecnologias no mundo. Na China, o ditado popular “muito faz quem não atrapalha” torna-se uma verdade.

No tocante à iniciativa privada no Brasil, o que víamos no período pré-pandemia eram decisões morosas por parte das empresas, onde estratégias de inovação poderiam levar anos para serem implementadas. Um exemplo básico foi a quantidade de empresas varejistas que tiveram que desenvolver seu e-commerce em questão de semanas para poderem permanecer vivas durante a crise sanitária, como se esse sistema já não fosse fundamental antes.

Nesse sentido, a pandemia teve um papel fundamental em “acelerar pendências” – e não tendências. Em poucos meses, vivemos uma verdadeira revolução na oferta de produtos e serviços pela internet, facilitando o dia a dia e preservando a vida de muitos neste momento. Como alento, essa morosidade não foi um fenômeno exclusivamente brasileiro. O próprio Walmart, gigante do varejo americano e mundial, afirmou que inúmeros projetos de inovação que estavam sendo discutidos há cerca de cinco anos acabaram sendo implementados em apenas três semanas quando veio a pandemia!

A própria resposta dos países à pandemia foi fundamentada no quanto cada um deles preza, incentiva e reconhece a inovação. Voltemos novamente à China que, apesar de ser o local onde a nova variante do vírus apareceu, foi o país que mais assertivamente lidou com seus desafios, como decorrência de um foco de inovação gigante que existe por aquelas bandas. Vamos ressaltar alguns pontos:

  1. A sociedade chinesa é a única sociedade cashless do mundo, onde rigorosamente qualquer compra pode ser feita por mobile payment. A característica de pagamento digital permitiu, por exemplo, viabilizar uma centena de novos modelos de negócios digitais, assegurando transações financeiras digitais e sem contato.
  2. As maiores empresas chinesas de tecnologia (Baidu, Alibaba e Tencent) abriram seus serviços de nuvem sem cobrar por isso, viabilizando a melhoria da logística e dos negócios em meio à quarentena. A China também já possuía amplo serviço de telemedicina, conhecido por marcas como WeDoctor e PingAn Good Doctor. Esse recurso, já disseminado no país, colaborou para que problemas menores fossem solucionados online, diminuindo a sobrecarga do sistema de saúde;
  3. A criação de ferramentas de diagnóstico por imagem embasadas em algoritmos e cruzamento de dados de geolocalização de quem testou positivo para a doença, para identificar outros potenciais contaminados e tirá-los de circulação, trouxe um auxílio fundamental para o controle do vírus na China;
  4. Veículos autônomos para delivery de compras de supermercado (até mesmo comida e cafés para hospitais em áreas de alto nível de contaminação), a liberação de drones para a entrega de remédios e o uso de carros robóticos para fazer a desinfecção de ruas, consultórios e áreas públicas limitou drasticamente a exposição de funcionários humanos à contaminação.

Temos que acordar como país e sociedade para incentivarmos e apoiarmos as transformações tão necessárias em todas as esferas (públicas e privadas), pois elas são fundamentais para a transformação do Brasil em um efetivo player de inovação a nível mundial.


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